A HERANÇA DO VAZIO

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É obra premiada com o Man Booker Prize, da escritora Kiran Desai, de origem indiana, vivendo nos Estados Unidos. Pego-a pelo título, que se aplica, a primor, ao VAZIO herdado.

Em tempo houve um Rei, chamaram-no Perfeito, perfeição negada em Torga: “Um Príncipe Perfeito em Portugal./ Terra de imperfeição!/Que excessivo perdão/Pode ter quem é rei!.” Pois, esse Monarca, Rei no fio da navalha, pela qual conquistou o poder de reinar: “Na bainha do tempo, até o punhal/ É uma arma leal!”, face ao herdado exclamou: “Meu Pai deixou-me Rei das Estradas de Portugal!”

Teve sorte, o mandante da vontade do “Homem do Leme!”.

Hoje, os Portugueses, nem das estradas são Senhores. Paulo Campos entregou-as às PPP, com acordo do PR. Arruinou o Estado, como vários analistas denunciaram, sem que nada tivesse sido feito para desfazer o ruinoso contrato e arguir de incompetente, ao menos, o político socialista, tão de Sócrates.

Tudo se foi sem denúncia judicial de corrupto, (tudo o aponta), nem incapaz, como demonstrado ficou. Mas o esvaziar o país, enriquecer os privados e os políticos, não se quedou neste desacordo leonino. A Parque escolar (2007) é outro sorvedouro de dinheiro e poder, com a agravante de, enquanto desertifica o país, deixar a meio obras que ninguém consegue que acabe. Do mesmo modo, por teima de igual incompetência feminina, o vazio na Justiça alastra com o fecho desumano de tribunais, ficando as populações à míngua de justiça (longe e cara). Mas o esvaziar o País, criando uma “cidade Estado”, Lisboa, dominando um macrocefalismo lateral, que marca o Portugal que era, não fica pela educação, nem pela justiça. Entra pelo campo da saúde, dos apoios sociais, da soberania, num vazio de tudo, cheio de NADA e de pouca vergonha, já que CPP não se coíbe de, depois de, “legitimamente”, mandar roubar os portugueses, os insultar com o não foram eles (o mexilhão) quem mais pagou a crise, e goza-os com um finalmente, livres de preocupações. O “Que se lixem as eleições” foi-se nos longes da história.

Uma estória que revive na História. Para já, ocorre-me Plauto (cf.Camilo) “OH……/ Nec te aleator ullus est sapientior….” – (Não traduzo. Não melindrarei os que se ofendem com a verdade – quiçá tecendo loas ao Papa. Não arrisco a publicação.) (1) Sigo (ib id) com uns “…papéis que apareceram em Madrid assinados pelo Manuelinho de Évora – o espírito revolucionário de Portugal: Este livro ensina os modos / De roubar os povos todos; e se acresce: As palavras são de um sancto / Mas as obras joeiradas / São malícias refinadas; e: Mentir, calar e fingir / Verbos de que tenho usado / Me pozeram neste estado.» Mutatis mutandis é o CPP chapado.

Mas o maior VAZIO, herdado há muito, agudizado na venda a retalho pela troika CPP/PP/SC, é da humanidade a que os portugueses têm direito, melhor, exigem a quem governa, já que Política, para sê-lo, é a forma de melhorar a vida dos Povos. As troykas, a nossa e a a que a Europa, desumana, nos obriga, infernalizaram-na!

Tratados desumanamente, contra o que preconiza e denuncia essa dádiva milagrosa do Espirito Santo, que é o Papa Francisco, os portugueses vêem-se directa e indirectamente a empobrecer. Agrava tal falha de HUMANIDADE, o incidir nos “velhos” e crianças! Àqueles roubam as pensões ou reformas, sobem-lhe o IRS, aumentam-lhe a renda da casa; a estas, o Abono de Família, relíquia do fascismo de nunca mais; põem em risco a educação, fazem-nas passar fome. Da Rádio: “Uma em cada três crianças, em Portugal, vive no limiar da pobreza.” A mim, um “velho” de mais de oitenta anos, roubam-me, da modesta reforma, quase mil €, que esbanjam com corruptos ou incapazes; paralelamente roubam-me metade da Pensão de Sobrevivência para a qual minha Mulher descontou e me deixou (O TC não disse que era ilegal?!); uma lei iníqua, sem humanidade, deixa quadruplicar-me a renda da casa (ver Beiras 20/XII/2014 – MEXIDA NAS RENDAS EXPULSA IDOSOS E ENCHE ARMAZÉNS DE ANTIQUÁRIOS). Defendo o meu caso? Não! Chega de teorizar, de abstracções! É a verdade. Factos reais. Cesse o politicamente correcto. Nunca a pobreza foi tão grande em Portugal. Porém, tristonhamente, a Sociedade mostra-se incapaz de lutar pelo que tinha; já nem pelo que tem.

Acomodou-se sem indignação, para além da, nem sempre já com senso, do Dr. Mário Soares!! Voltámos ao país que Torga definira: “moureja indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos socialmente uma sociedade pacífica de revoltados.

QUEREM MAIOR VAZIO!!!

(1) – Nunca velhaco algum mais destro fora.

Gonçalo dos Reis Torgal
Associado APRe! 3179