A verdade à nossa frente

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Viriato Soromenho Marques*

  Quem estude o que se escreve e diz em todos os países, meios e suportes, quem não fique ensurdecido pela ruidosa noosfera que regista, como num sismógrafo, o estado de espírito da nossa primeira cultura planetária, constatará que existe um elefante na sala. Dito de outro modo, o futuro das gerações mais jovens ameaça desaguar num planeta irreconhecível, desequilibrado, empobrecido.

 
A causa não é externa. Não reside nem numa ameaça alienígena nem na eventual colisão de um meteorito de grandes proporções, como nos filmes de Hollywood. O problema radica em nós próprios. Na inércia de um modelo económico que apresenta características virais. Em vez de habitar a Terra de um modo simbiótico, respeitando os limites que a ética decreta e o conhecimento científico identifica com rigor, esse modelo atua sobre a Terra como um exterminador implacável. Um predador capaz até de autofagia.
 
 
 
*Professor Universitário