Carta aberta aos poderes políticos sobre a pobreza em Portugal

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Conselho Social Nacional da Rede Europeia Anti-Pobreza

«A pobreza não mata apenas os pobres. A prazo ela matará também a Democracia. É por isso urgente fazermo-nos ao caminho, propondo que se reflita e se aja sobre dez áreas fundamentais, independentemente dos ciclos políticos.»

 

A pobreza tem há muito em Portugal uma dimensão que a todos deve preocupar e que justifica que os cidadãos unam a sua voz num protesto forte, premente e continuado, exigindo das autoridades do País que inscrevam o combate à pobreza como primeira prioridade. A pandemia do coronavírus acentuou aos olhos de todos a vulnerabilidade dos grupos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa, reforçando, infelizmente, que a pobreza é, indubitavelmente, o principal problema do País. É essencial que as entidades sobre as quais recai a responsabilidade de enfrentar o problema não tenham dúvidas em defini-lo como tal – a prioridade das prioridades. Aliás, o esforço redistributivo da proteção social nos últimos anos conseguiu reduzir algumas desigualdades e é o sinal mais claro e evidente do caminho que deve ser trilhado e reforçado.

Segundo dados da OCDE, Portugal é dos países desenvolvidos onde é mais difícil sair da pobreza ou, do outro lado, deixar de ser rico. É por isso que pode demorar cinco gerações para que as crianças pertencentes a uma família que esteja na base da distribuição de rendimentos consigam um salário médio. Se a condição dos pobres e da pobreza em si mesmas são suficientes para gerar um clamor que nos faça exigir mais medidas e medidas mais eficazes, consideremos ainda que esta pandemia está a provar que uma sociedade é tão mais segura do ponto de vista sanitário quanto menores forem as desigualdades dos seus membros.

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