Coimbra

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CONQUISTAS DE ABRIL, UMA VOLTA PELO VOTO

No dia 8 de Maio, no Conservatório de Música de Coimbra, o Núcleo da APRe! de Coimbra deu início, às 14:30 horas, a uma sequência de actividades integradas nas Conquistas de Abril, Uma volta pelo voto. Estas pretenderam, a partir do traço e da palavra, levar à reflexão, de novo, para as grandes conquistas democráticas alcançadas com a Revolução. É sentido, em particular, pelos que viveram esta data, a Geração Grisalha, que a par das liberdades políticas, os trabalhadores conquistaram amplos direitos, entre eles o Direito à Saúde e o Direito à Reforma. É a consciência dos direitos adquiridos que deve servir de acção para a necessidade imperativa de votar (outra conquista de Abril). 
O Painel Criativo, que foi sendo construído, juntou recortes de revista, jornais e postais com mensagens que o 25 de Abril de 1974 nos legou. Refira-se que se contou com a colaboração da ICREATE. Este Painel que esteve patente durante a sessão da noite irá depois fazer parte da nova sede em Coimbra da APRe!.
O auditório do Conservatório de Música de Coimbra registou boa adesão de participantes dando-se início, às 21:00 horas, a um debate em que participaram Pio de Abreu, psiquiatra do Hospital da Universidade de Coimbra e professor associado da Faculdade de Medicina, e Maria Clara Murteira, professora na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Foi moderadora Ângela Dias da Silva, elemento do Núcleo da APRe! de Coimbra.
Da intervenção de Pio de Abreu, salienta-se a enfase que deu ao direito à saúde, defendendo a existência dos hospitais públicos, a importância do Serviço Nacional de Saúde e da ADSE. Através da apresentação de gráficos elucidativos demonstrou as potencialidades do nosso Serviço Nacional de Saúde comparando-o com outros a nível mundial (o nosso aparece nos primeiros lugares). Problematizou o custo dos medicamentos e a actuação da indústria farmacêutica (apresentou inclusive, como exemplo, um medicamento para as doenças oncológicas).
Maria Clara Murteira, durante a sua explanação referiu que “as reformas verificadas em muitos países da Europa e do mundo, desde meados dos anos 90, têm estado alinhadas com as orientações e recomendações de instituições internacionais como o Banco Mundial, a OCDE e o FMI. Estes actores políticos têm estado activamente envolvidos na promoção dos processos de privatização das pensões em diversos países do mundo. As reformas das pensões são hoje consideradas um caso de política global. Importa conhecer a agenda política para as pensões destas instituições internacionais, não só porque tem influenciado as reformas conduzidas em muitas partes do mundo, desde os anos 90, mas também porque a estratégia europeia para as pensões está em consonância com essa mesma agenda.” De seguida explicou que “as reformas das pensões em Portugal ao longo dos anos 2000, seguiu a via das reformas “paramétricas” para cortar despesa” e que a “Reforma de 2007 introduziu uma ruptura radical pois: provocou cortes drásticos nos níveis das pensões pouco perceptíveis por serem graduais, mudou os princípios organizadores da repartição e a garantia da manutenção do nível de vida na reforma deixou de ser o objectivo”.
Os Associados levantaram questões pertinentes e apenas o adiantado da hora impediu que este momento fosse mais interventivo.
Ângela Dias da Silva deu por encerrado o debate agradecendo aos oradores e aos associados pela sua participação e interesse.
O grupo de fados Raízes de Coimbra fechou, com chave de oiro, esta iniciativa entusiasmando toda a assistência, sempre calorosa nos merecidos aplausos. Este grupo é constituído por antigos estudantes de Coimbra que se propõem divulgar a canção coimbrã, os valores históricos e culturais da cidade que têm no coração. O grupo apresentou-se neste espectáculo com Octávio Sérgio, Paulo Alexandre e Alcides Freixo, nas guitarras, Rui Pato e Humberto Matias, nas violas, e Mário Rovira e Heitor Lopes, nas vozes.
Antes de se abandonar o Auditório,Maria do Rosário Gama, a convite do Núcleo, teceu agradecimentos e congratulou-se com a iniciativa.
Elda Calado