Ministro das Finanças alemão não gosta dos portugueses

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O ministro das Finanças da Alemanha definitivamente não gosta de Portugal, nem dos portugueses.

Em março de 2013 afirmou que somos um povo invejoso. Nessa altura, tive ocasião de lhe escrever uma carta em que lhe expliquei que, com essa afirmação, aquele senhor passava a ser um dos responsáveis para que o projeto europeu estivesse cada vez mais perto do fim, dado que o sentimento da inveja anda normalmente associado a uma cultura de confrontação que não tem nada a ver com os ideais do projeto europeu que assenta numa outra cultura, a de cooperação e do compromisso, baseada num quadro da grande diversidade de interesses, de culturas e tradições e de diferentes olhares sobre o Mundo.

Agora, sem se perceber porquê, o mesmo indivíduo vem dar uma ordem a Portugal dizendo para nos certificarmos se não voltaremos a precisar de um novo resgate, quando todos os indicadores que são conhecidos sobre a evolução da nossa economia apresentam resultados que vão no sentido da recuperação.

Quando um povo e um país sofreram, de uma forma brutal durante o período da intervenção da troika, em termos de perda de rendimento e de aumento do desemprego e agora parece querer estar a levantar-se, embora consciente das dificuldades que ainda estão por ultrapassar, vem aquele senhor do alto da sua cátedra, qual imperador, a fomentar o que de pior pode acontecer a um povo que está nestas circunstâncias, minar a desconfiança.

A afirmação do ministro alemão é gratuita e sem qualquer utilidade. Parece que está ansioso para que Portugal volte a sofrer com mais medidas de austeridade, que penalizem os mais débeis, para a seguir voltar a dizer que somos um povo de invejosos.

A atitude daquele senhor resume-se ao seguinte: primeiro, chamou-nos de invejosos quando estávamos a sofrer de forma brutal e agora avisa: “Vejam lá como se portam, ou volto a pô-los de castigo”.

Eu já tinha percebido que o senhor pensa que provém de uma casta que se sente superior aos outros e isso – mostra a história da Europa e especialmente da Alemanha do século XX – não augura nada de bom.

O projeto de integração europeia nasceu precisamente para acabar com o tipo de velhos e terríveis absurdos que este senhor, com as afirmações que vai fazendo contra Portugal e os portugueses, protagoniza e está a querer ressuscitar.

Porque não se cala, senhor?

Parece que está ansioso para que Portugal volte a sofrer com mais medidas de austeridade, que penalizem os mais débeis, para a seguir voltar a dizer que somos um povo de invejosos.

José A. Da Silva Peneda
JN 19.03.2017