O que nos dizem os resultados eleitorais!

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Desta vez, as sondagens acertaram (nem todas, ainda assim, porque a Marktest por exemplo, atribuiu 12 % – o dobro! – de vantagem à coligação de direita).

E agora? Há que ler sob todos os ângulos, ainda que sem os votos da emigração contados, o que os números podem traduzir!

Eis uma possível leitura:

  1. Ao contrário das eleições legislativas de 2011, em 2015 a maioria dos eleitores (61,5 %) não votou nos partidos do Governo (PSD e CDS), que formaram a coligação PàF para concorrer às eleições (apenas 38,5 %, em vez dos anteriores 50,4 %)
  2. Apesar de tudo quanto se possa dizer, os eleitores portugueses mostraram inequivocamente que estão descontentes com o actual Governo pois:
    • comparativamente às eleições legislativas realizadas em 2011, cerca de 725.000 eleitores deixaram de votar na coligação, o que corresponde a cerca de 26% de eleitores a menos!
    • nas mesmas condições, ou seja sem considerar os deputados eleitos pela emigração, a coligação tem menos 25 deputados eleitos, longe da maioria absoluta (o número de deputados seria ainda mais baixo se PSD e CDS tivessem concorrido separados, como em 2011; o método de Hondt atenuou a perda)
  3. Esta perda da maioria no Parlamento não deixa de ser uma alteração significativa no actual xadrez partidário e de ter, possivelmente, consequências no panorama político e social!
  4. Entre os maiores partidos, a candidatura PSD/CDS foi a única a perder deputados!
  5. Por tudo isto, não se poderá dizer que esta votação correspondeu a um aval às políticas de austeridade do Governo!
  6. Por outro lado, este descontentamento traduzido numa quebra de aproximadamente 725.000 eleitores, não foi canalizado para o principal partido da oposição, pois este apenas captou um quarto dos votos perdidos, 184.000 eleitores!
  7. Em linguagem futebolística, o povo português votante mostrou um cartão amarelo ao Governo, deixando-o portanto ainda em jogo. Não lhe mostrou o necessário cartão vermelho porque, talvez, tivesse achado que as propostas do PS não fossem assim tão diferentes, sobretudo no que concerne à Segurança Social (pensões, TSU, etc.).

Daí que para os aposentados, pensionistas e reformados, a continuação da APRe! e das suas lutas faça todo o sentido! Se calhar, cada vez mais!…