#ocorreto

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Não sei bem o que é o “politicamente correto”, mas tenho bem noção do que é o correto. É estar do lado certo da história, que é fácil de distinguir: proteger os direitos das minorias; não ceder ao poderoso impulso da segregação; não negociar com a xenofobia; não permitir que o violento instinto contra a diferença possa medrar. São estes, e alguns outros mais, os valores essenciais do progresso. Foram conquistados depois de muito sangue e sofrimento. É uma batalha permanente, esta de carregar de braço levantado a luz que nos resgatou dos tempos opacos. Mas foi assim que se foi fazendo a mudança, em iterações exaustivas que nos deixaram melhores.

Ora, isto não significa que a liberdade não seja um exercício de afinação constante. É preciso debater os problemas da integração, a dificuldade para aceitar as minorias, perceber que há novos contextos a criar novas inseguranças. Mas tem é de ser civilizadamente e com respeito por todos.

Custa muito a (felizmente) pouca gente, mas o Mundo, o nosso, só anda para a frente. A esses, deixo um conselho. Leiam Camus ou Kundera. Comprem livros de história. Ou então usem a Net para outra coisa, para além do ódio. Não faltam sítios como os que anseiam, onde o tempo ficou lá atrás. Procurem no Google: “Coreia do Norte”, “Estado Islâmico” ou “Chechénia”. Gostam? Podem sempre mudar-se para lá.

Miguel Conde Coutinho
Ler mais em: JN Opinião 22.07.2017