Pandemia e deveres humanos

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Os tempos do pós-pandemia apresentam-se indecifráveis e pressente-se um clima de aumento de perigos. A incerteza e a insegurança tornam-se mais profundas para a maioria dos seres humanos, à medida que persistem políticas que nos convidam a fugir para o passado.

 A pandemia surgiu como um ferimento num corpo e infetou mais do que era previsível. Porém, para além disso, a pandemia realçou males bem maiores que tolhem o futuro da Humanidade. O modelo de desenvolvimento dominante é insustentável. Não sabemos até quando uma ínfima minoria de seres humanos será capaz, como acontece hoje, de se apropriar da riqueza e do poder impondo à esmagadora maioria injustiças e sofrimento através da intolerável apropriação de poderes e instrumentos dos estados, da violação de deveres jurídicos e obrigações éticas. Entretanto, não será necessário regressarmos à visão do mundo como mistério absoluto, para concluirmos que a Natureza não se submeterá à arrogância e agressões com que tem sido tratada e nós, humanos, somos de corpo frágil carregado de limitações.
O combate articulado pelos Direitos Humanos e por compromissos que procuram salvaguardar a relação metabólica Homem/Sociedade/Natureza tornou-se uma premência e um dever muito desafiador: não como sobrecarga de exigências às pessoas, já massacradas pelo sistema que as isola e responsabiliza por tudo, mas sim colocando cada ser humano como o sujeito de direitos de que não abdica.