Carta

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Sr. Primeiro Ministro 

Sei que talvez não chegue a si esta carta, mas alguém certamente a lerá. Estou a ouvi-lo, não vale a pena fazer um esforço para limpar” a imagem do seu Governo e atirar para os outros o estado do nosso País. Quero esclarecê-lo de algumas coisas que estou a ouvir: 
As reformas não são, como o sr. acaba de referir, UMA DESPESA DO ESTADO. Não sr. 1º ministro. As pensões são dinheiro que as pessoas depositaram meticulosamente todos os meses do seu tempo de trabalho retributivo para que hoje, reformados ou aposentados, tenham uma vida digna, com esse mesmo dinheiro e mais nenhum. 
Acredite, sr. 1º ministro, que iremos – ou pelo menos eu irei – até ao Tribunal dos Direitos do Homem para que me seja restituído o que É MEU! Acreditaria e aceitaria sacrifícios se o sr. desse o exemplo, e passo a citar algumas coisas: O senhor é incapaz de andar na rua sozinho sem uma quantidade de capangas, provavelmente bem pagos, para que evite que as pessoas em nome de quem o sr. abusivamente fala, não se aproximem, bem diferente de antecessores seus que eu vi sozinhos várias vezes na rua sem guarda-costas, como por exemplo ir ao cinema apenas com a família, e isto, tem uma leitura que, se o sr. tiver um pouco de inteligência, saberá porquê. 
Sei que está farto de ouvir estas palavras e a sua sensibilidade é tão dura que não significam nada para si, mas acredite, uma vez derrubado, o sr. não poderá mais passar na rua sem ser “mimado” com os epítetos mais horríveis e bem empregues. Talvez um dia a sua consciência (se a tem) o não deixe dormir descansado pelo rasto de miséria que semeia todos os dias do seu governo sabendo o sr. onde está o dinheiro e onde pode ir buscá-lo, mas fazendo o mais simples, tirar aos que não podem reagir, aos que não se podem defender. Tenha cuidado sr. primeiro ministro, talvez tenha algumas surpresas no futuro. Não fale em nome do povo, nem diga que o povo é sereno, pode um dia acordar! 
“LIVRAI-NOS DA FÚRIA DOS MANSOS” Não se esqueça disso, sr. primeiro ministro. 
Silvina Madalena Veiga Santos 
Cidadã Aposentada 
Jurista de formação Indignada (muito!)
(Associada da APRe!)