Insensibilidade social

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O desemprego é, em Portugal, a primeira preocupação dos cidadãos, a par da degradação da saúde, dizem todos os estudos de opinião.

O desemprego tem de ser, então, uma matéria de análise política. Achar que não deve ser assunto a debater ou revela insensibilidade social ou incómodo. Muitos, na área do Governo, gostam de o secundarizar, normalizar ou o omitir. O Governo, contudo, optou por ir mais longe, escondendo-o, de forma a ser uma variável de sucesso do seu mandato. Escondê-lo com os apoios conjunturais ao emprego e à formação ocupacionais. Mais de centena e meia de milhares. Depois, confundindo baixa de desemprego com mais emprego, quando deixou de haver essa simetria, em virtude da emigração e da frustração na procura de emprego. No seu mandato há menos 220 mil empregos, emigraram, pelo menos, mais 300 mil pessoas e o INE diz que o desemprego lato abrange mais dum milhão e 100 mil, mais 80 mil desde que tomou posse. O país desespera. Dizem os números, mas olhando para todos, não apenas para um.

Francisco Madelino

Opinião Económico 12.08.15